segunda-feira, 25 de abril de 2011

Produção do Grupo 3

Conflitos, indisciplinas e dificuldades de trabalho dentro do âmbito educacional são questões que estão se tornando cada vez mais presentes no cotidiano escolar. Isso se deve ao fato de que nos colégios tradicionais são utilizado métodos autoritários, conteudistas e com excesso de regras sem a explicação de seus princípios, ou seja, há uma defasagem em relação ao desenvolvimento e ensino dos valores morais entre os indivíduos dentro de suas relações interpessoais. Dessa forma, notamos que em colégios tradicionais os conflitos são evitados, e, quando acontecem, as soluções são dadas através de mecanismos rápidos, como por exemplo, a imposição de regras de acordo com o conflito ocorrido sem uma conversa que aborde os princípios, isso faz com que os indivíduos que convivem nesse ambiente, sejam heterônomos.

Já a escola construtivista busca a autonomia de seus alunos, analisando os conflitos como parte essencial da construção da moralidade. Logo, o olhar tradicional em relação aos conflitos é de como resolver tal situação, enquanto o olhar construtivista é voltado para o que podemos aprender com esse conflito.

Atualmente, a maioria das escolas particulares e públicas seguem o sistema tradicional. Assim, não trabalham com relações interpessoais, com a resolução de conflitos e muito menos com a questão ética e moral dos alunos. O conflito é visto como algo a ser evitado. Quando ocorre, logo se pensa em uma resolução rápida que busca amenizar o problema e não desenvolver a autonomia do indivíduo através do conflito. Ou seja, nessas escolas não há sanções por reciprocidade, isto é, as punições aplicadas em nada se assemelham às ‘regras infringidas’. Por exemplo: um aluno mata aula e a escola, como punição, suspende-o das aulas por alguns dias (solução rápida). O correto seria fazê-lo pensar sobre o que o levou aquilo, avaliar até que ponto a escola tem culpa nisso e, até mesmo, fazê-lo assistir mais aulas adicionais como substituição à aula perdida. Com isto, percebe-se que tais escolas fazem censuras e ameaças, muitas vezes aleatórias e convencionais, procurando soluções autoritárias e nem sempre justas, que não fazem sentido ao aluno.

Nesse caso seria necessário explicar ao aluno o princípio de respeito e a importância da aula para que esse fato não venha ocorrer novamente. Conflitos ligados a quebra do respeito, como discutir com um professor e bater em um colega, são resolvidos de maneira prática e rápida, não havendo um diálogo, nem ao menos uma enfatização do princípio desrespeitado. As conseqüências de tais sanções são a relação custo-benefício, a revolta do aluno, o cálculo de risco e a aprendizagem da mentira. Desse modo o aluno nunca alcançará a autonomia se prendendo apenas a regulação externa e não parando para refletir nas reais conseqüências de seus atos.

Para solucionar conflitos, precisamos deixar de agir sobre a conseqüência e sim buscar as causas do ato para, assim, abstrair algum aprendizado moral. O ensino da moral e da ética não deve ser feito apenas pela família, mas também pela escola. O aluno, para atingir a autonomia, precisa compreender os princípios das regras, sendo que existem dois tipos de regras: as convencionais e as morais. As regras convencionais são definidas por um grupo com objetivos específicos, isso torna mais difícil entender seu princípio. Já as regras morais são construídas socialmente baseadas nos princípios éticos, o que torna mais fácil sua compreensão e a define essencial para a convivência do indivíduo.

Os professores devem manter a calma no momento de resolver conflitos, conscientizar-se que o conflito pertence ao aluno e, dessa forma, acreditar na capacidade do mesmo para resolvê-lo. Nesse caso, a função do professor é auxiliar o aluno nessa tarefa assumindo a responsabilidade pela segurança física dos pares, reconhecer e aceitar os sentimentos dos alunos, enfim, o professor tem que dar oportunidades para que os mesmos sugiram soluções.

Para efeito de exemplos práticos, transcrevemos alguns acontecimentos observados em nossos campos de estágio:

Um certo dia, na saída da Escola Municipal Z, três alunos brigam e acabam chutando-se. A professora fica muito nervosa e diz aos três que resolverão a situação no dia seguinte já que está na hora de ir embora. No outro dia a professora proíbe os alunos de participarem da aula de educação física e da oficina de jogos, sem nem ao menos buscar saber o motivo da briga. Os três alunos ficam sentados juntos sem participar dessas atividades, o resultado foi uma nova briga, a atitude da professora é novamente evitar a reflexão sobre o conflito e encerrar logo a situação: ela escreve um bilhete no caderno de cada aluno e pede para que os pais conversem com os filhos em casa.

Na Escola X foi observado um fato interessante sobre a temática: as crianças estavam formando uma fila para entrar na sala de música, quando um garoto quis trocar de lugar com uma colega. Ansioso pela aula, ele empurrou a menina para fora da fila e disse que queria entrar antes. A menina, contrariando minhas expectativas, com uma expressão de muita calma voltou até o menino e indagou em tom sério: “Por que você não me pediu, ao invés de me empurrar?”. O menino, com cara de decepção consigo mesmo, pediu desculpas e fez o que fora sugerido: pediu para passar na frente da fila. Novamente para minha surpresa, a menina concordou com o pedido. Com este caso podemos ver que mesmo crianças ainda novas são capazes de resolver problemas com colegas sem a ajuda imediata de um adulto. Ao adulto coube apenas instrumentalizar as crianças com as idéias de diálogo e respeito mútuos.

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