segunda-feira, 25 de abril de 2011

Reflexões sobre o estágio - Relações Interpessoais na escola

Laura Kretly 093994

Natália Campagnoli 092489

Sara Inarelli 092963




Iremos refletir nesse texto os conceitos de ''Relações interpessoais na escola'' , sobretudo a temática de conflito e de resolução entre pares, e a relação professor - aluno. Iniciaremos refletindo sobre os fatos vistos e discutidos acerca das múltiplas observações de estágio. Foram apontados muitos casos em sala de aula, como as relações de autoridade dos professores, com seus alunos, levadas ao extremo do abuso de poder, como a professora que puxa seus alunos pelo braço, a outra que cobra pustura física militar, grita sem motivo traumatizando-os, com atos não só de violência física, mas também psicológica, que refletem uma relação conflituosa, que tem causas ainda desconhecidas na nossa observação. Na maioria dos casos, os professores estabelecem uma relação assimétrica com seus alunos, assumindo na prática a posição de que os educandos são '' tábulas rasas'' que devem ser preenchidas com o conhecimento hierárquico escolar. Nessa relação, não se é levado em conta o interesse dos alunos, desconsiderando o que eles sabem, e vendo essa contribuição como ''perigosa'' para a ordem da aula que o professor estabeleceu. Os alunos desejáveis são aqueles que assistem cartesianamente , sem ''interromper'' o professor com seus comentários.

Uma experiência de estágio comentada em sala ilustra bem esse princípio assumido por professores no ambiente educativo: um garoto do 4º ano, percebido como extremamente inteligente, mas que em sala de aula se mostra extramamente distraído e com problemas de comportamento: não presta atenção na professora, não realiza as atividades propostas, e fica conversando com os colegas. A professora é extremamente autoritária para com ele, e só o repreende. Conversando com o menino, pode ser visto que ele tem extremo interesse por Ciências, pesquisa muito a disciplina, e tem um conhecimento avançado para sua idade. Nas aulas ele tenta relacionar o que a professora está falando, com o que é de seu interesse, mas toda vez que vai opinar e fazer perguntas, ela lhe responde : '' Por favor M. estou dando aula, você não está vendo? Seja educado e respeite como todos, no final da minha explicação, se eu deixar você falar, você fala''. Quando ele percebe que não será ouvido simplismente para de prestar atenção na aula, o que faz com que a professora fique mais brava ainda com ele, em um ciclo contínuo. Essa professora também chama a atenção dos alunos para que '' se quizerem ser alguma coisa na vida, devem prestar atenção na aula, e fazer as lições, para que vão para uma boa universidade''. Mesmo tão novos, já estão tendo em mente que se não reproduzirem o conhecimento escolar, não terão lugar na competitividade social.

Refletimos em uma frase de Larrosa (2005) no texto '' Imagens do outro'' pois exprime bem os objetivos desse tipo de educação que vem sendo oferecida '' A extrama simplicidade da criança converte de maneira absoluta nosso saber. Podemos projetar nelas nossos desejos, nossos projetos, nossas dúvidas, nossas expectativas (...) A criança expõe-se totalmente ao nosso olhar, oferece-se totalmente á nossas mãos, e se dobra sem resistência, para que a cubramos com nossa idéias ou delírios'' ( Larrosa, 2005: p. 7). Fazemos uso de mais uma frase de Larrosa, na página 11 do mesmo texto para refletir esse posicionamento '' A juventude é convertida num valor quase absoluto, em um fim em si mesmo, em uma obsessão publicitária, em um objeto de culto (...) O autoritarismo e o totalitarismo moderno faz com que as crianças sejam sacrificadas a ídolos ávidos de sangue infantil, cujos nomes são Progresso, Desenvolvimento, Futuro e Competitividade''. A professora justifica sua impaciência em ouvir os alunos dizendo que não tem tempo de considerar suas opiniões, pois o conteúdo exigido a ser dado é muito grande, caso sobrasse tempo depois da explicação ela os ouviria, pois o conteúdo da apostila bimestral que é muito denso, precisa ser dado. Dessa forma, não leva em consideração que o verdadeiro processo de aprendizagem se dá por trocas, entre os pares, e entre os alunos e o professor. Apenas a reprodução assimétrica dos conteúdos para serem usados no futuro não é garantia de nada. A atitude de evitar as interações entre os pares provem do medo de ter que intervir nos conflitos, pois estes são vistos como negativos, e não como possibilidades de diálogo e intervenção, como colocado por Piaget.

Apesar de contar com as hipóteses sobre o porquê dessas relações tão complexas, fica evidente o cansaço e a falta de motivação instaurada no trabalho dessas professoras. Esta não tem autonomia para resolverem problemas e lidar com dificuldades que surgem no decorrer do dia, e não tem poder e nem tão pouco condições para resolver conflitos. Esta evidência se faz com que terceirizem os conflitos direcionado para aqueles que não estão de fato inseridos no contexto, com a finalidade de ''liquidar'' e não entender as causas reais.

As posturas rígidas e estressantes dos professores que tiram o direito ao recreio de seus alunos por problemas de disciplina, conversa, bagunça ou coisas do gênero, são atitudes que precisam ser entendidas profundamente como algo instaurado e praticado com a própria professora.

Outro ponto discutido e observado foi o bullying, em uma situação onde uma menina que foge dos padrões de beleza da sociedade, foi chamada de "gordinha" pela colega de sala. Nesta situação houve um momento de surpresa, já que a menina é considerada pela mãe como vulnerável e de pouca autonomia, quando na verdade ela enfrentou bem a situação, não se abalou e foi capaz de apontar o que a apontava na situação.

É visível a tensão e falta de preparo das professoras para lidar com essas situações na escola, visto que para ensinar autonomia é preciso antes de mais nada ter atitudes autônomas, o que não acontece nas escolas por parte dos educadores. Para que haja um ambiente autônomo em que as regras são entendidas e criadas pelos alunos e não impostas por uma hierarquia de poder, deve haver uma troca entre os envolvidos e a consciência de que a heteronomia não é capaz de promover uma educação de qualidade, a autonomia é ensinada através da construção de um ambiente democrático, que ouve os indivíduos e que considere todos os saberes como iguais, em uma troca recíproca e não hierárquica.



Referências Bibliográficas


Enigma da infância ou do que vai do impossivel ao verdadeiro - In: Imagens do outro de Jorge Larrosa, Ed. Vozes


Sobre a lição - In: Pedagogia Profana, de Jorge Larrosa, Editora Autêntica

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