segunda-feira, 23 de maio de 2011

A importancia da heterogeneidade e a interação entre alunos e professor

Dentre os livros indicados pela professora, escolhi trabalhar com o “Diferenças e preconceitos na escola – alternativas teóricas e práticas”, de Julio Groppa. O capítulo que mais chamou minha atenção tratava sobre o tema “ o que pensam os professores sobre as diferenças individuais?”Concordo com a autora do texto, Teresa Rego, quando ela afirma que existem poucos estudos acerca do pensamento do professor, e como é importante que os conhecimentos e idéias dos educadores, baseadas em suas experiências de vida, sejam analisadas, para entender a relação entre as expectativas do professor e o desempenho do aluno e tentar criar uma relação menos preconceituosa entre professor e aluno.
Para isso, de acordo com o texto, é fundamental que o professor compreenda que o ser humano não é um ser estático e acabado, mas sim um homem em construção constante por causa de suas vivências e experiências. É essencial que o professor entenda e respeite a bagagem cultural de seus alunos antes de julgá-los. Infelizmente, algumas pesquisas realizadas com professores mostram que alguns grupos de educadores acreditam que as diferenças individuais são apenas inatas, ou então apenas decorrentes do universo social. Todas essas afirmações, no entanto, deixam de responsabilizar o sistema educacional pelo desempenho da criança na escola, pois afirmam que só terá sucesso na escola crianças que tiverem alguns pré-requisitos básicos, como inteligência e maturidade, ou então a criança que nunca foi exposta a nenhum tipo de problema social, como pobreza, violência, lar desestruturado, etc. Essas hipóteses negam que o ser humano possa se transformar, e que seus problemas também podem enriquecê-lo, ou também enriquecer os outros, através da troca de experiências, isto é, através da interação.
De acordo com Vygotsky, a heterogeneidade é fundamental para as interações na escola, porque os diferentes ritmos, comportamentos, trajetórias, conhecimentos, visões de mundo, permite a troca de experiências, que acrescenta valores e enriquece o ser humano, ampliando capacidades individuais. Essa troca também inclui o professor, que não deve reprimir determinado comportamentos que ele julga ser “errado” antes de entender sua origem e enxergá-lo como uma forma de expressão diferente, decorrente de outra trajetória de vida. O professor deve sim trazer também suas experiências culturais. O homem é um sujeito histórico-social, e é constituído na relação com o ambiente, está sempre se transformando nas relações sociais de uma cultura.
Realizo meu estágio na FUMEC, com adultos, e é interessante observar a enorme bagagem cultural de cada um. Lá existem jovens, velhos, adultos, pessoas com deficiências mentais, etc. É um ambiente que reúne pessoas com trajetórias de vida muito diferenciadas, e também sofridas, que refletiram muito no que essas pessoas são e ainda serão. A maioria veio de áreas rurais, e, portanto, entendem pouco da linguagem da cidade grande, e de alguns comportamentos de nós que moramos aqui, assim como eu, que nasci na cidade grande, entendo pouco sobre a vida deles.
No início eu, como estagiária, tinha pouca paciência quando a professora me pedia para que lesse um ditado e esperasse que eles escrevessem, ou que os ajudassem a ler uma frase, pois não conseguia imaginar como um adulto tinha tanta dificuldade para realizar essas tarefas. Contudo, após um tempo, passei a refletir sobre meu comportamento, e cheguei a conclusão de que eu precisava enxergá-los como seres humanos com trajetórias de vidas e razões que os levaram a estarem ali naquele momento, e que minha relação com eles era de troca de experiências: eu aprendendo com a história de vida de cada um, aprendendo a ser mais paciente, aprendendo a respeitar suas dificuldades e entender as razões delas existirem, e eles vivendo uma fase diferente em suas vidas, tendo muitas vezes o primeiro contato com a leitura e escrita, questionando a meu respeito, procurando saber quem eu era e como eu vivia. Enfim, percebi como é fundamental que o educador seja compreensível, paciente e amigo, que esteja ao lado do aluno, nunca a cima, e que reconheça que têm muito a aprender, pois o ser humano sempre está em condições de adquirir mais conhecimento, e se transformar, pois esta sempre convivendo com outros seres humanos que têm algo a nos acrescentar.

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