segunda-feira, 23 de maio de 2011

Práticas de Avaliar

Um dos mecanismos de controle para o sucesso e fracasso dos alunos em sala de aula é a avaliação, que nega qualquer experiência do aluno fora das paredes da escola, em que o único conhecimento valorizado é aquele que a professora legitima como um saber verdadeiro, científico, portanto, um conhecimento unilateral que não pode sequer ser questionado e discutido no interior da classe.

E a avaliação é aplicada na escola como forma de identificar os alunos que incorporaram este saber, que assimilaram corretamente como a escola desejava, pois caso ao contrário, uma resposta diferente é considerada um erro, e segundo Esteban (2.003), ‘‘entende-se que o erro é o resultado do desconhecimento, revelador do não-saber do(a) aluno(a), portanto uma resposta com valor negativo’’(p.15), sendo tão temido pelos alunos, já que erros não são permitidos.

No meu estágio em uma escola pública, eu percebo que em todas as aulas que frequento, a professora aplica aos alunos uma lista enorme de exercícios de matemática, com perguntas objetivas para fazer em sala de aula em um tempo muito limitado. A avaliação não está apenas em um exame no final do bimestre, mas no currículo, que traz consigo seus mecanismos de controle pedagógico em sala de aula, impedindo professores e alunos de expressarem suas vozes e a diversidade de conhecimentos presentes em cada indivíduo que compõem a sala de aula.

Estas atividades têm a função de indicar o desenvolvimento dos alunos quanto ao conteúdo apreendido e memorizado. Em conjunto das avaliações bimestrais, anuais, tentam estabelecer os níveis de aprendizagem dos alunos, os selecionam para o ingresso à próxima série.

Além das avaliações aplicadas pela escola, também chegam para condenar mais os alunos no processo de escolarização são as avaliações institucionais, que ditam as distribuições de verbas destinadas às escolas, e assim, esta cobra dos professores melhores resultados dos alunos, e estes são cobrados por todos na escola por boas notas, sendo exigidas certas habilidades, que somente alguns poucos conseguem atender.

No estágio, a professora sempre diz aos alunos no momento de correção das atividades:

- ‘‘Estudem bem este exercício, pois é dessa forma que vai cair no SARESP! É impossível errar um exercício como este!

A escola pode estabelecer suas próprias práticas curriculares, outras atividades que não se dirijam à homogeneização dos alunos, por meio das experiências subjetivas que podem ser incorporadas ao processo de ensino-aprendizagem. Na minha opinião, essa frase pode ser ilustrada em um pequeno trecho da obra ‘’Criar currículo no cotidiano’’:

Esta nos parece deve ser a função de um currículo oficial: dar sentido às experiências curriculares que realizamos em nossas escolas - sentido de uma experiência tecida coletivamente por sujeitos que recriam a sua própria prática na atividade de praticar.(ALVES, 2.002, p.58).


Bibliografia:


ALVES, N.( Org.). Criar currículo no cotidiano. São Paulo: Cortez, 2002.


ESTEBAN, M.T. A avaliação no cotidiano escolar. In: ESTEBAN, M.T. (org.) Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. 4ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

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