segunda-feira, 23 de maio de 2011

Reflexões sobre as leituras e o estágio -

AUTORIDADE DOCENTE E AUTONOMIA DISCENTE

Por meio desse texto pretendo refletir a questão de autoridade do professor e autonomia dos alunos, relacionando as minhas experiências de estágio e a leitura que fiz essa semana de um artigo cujo nome é '' autoridade docente e autonomia discente: uma equação possível e necessária'' Júlio Groppa Aquino'' ( in autoridade e autonomia na escola, alternativas teóricas e práticas). Esse texto é muito interessante pois discute o processo de estabelecimento dessas variáveis, bem como as suas implicações. Tenho visto nos relatos dos colegas que a autoridade do professor tem sido vista de uma forma constituída, e pouco refletida na prática, os alunos sempre estão errados, indisciplinados, desinteressados, mas não tem havido o processo de reflexão sobre as causas dessa falta de atenção e mau comportamento.
Antes de analisar as principais discussões realizadas pelo capítulo, descreverei alguns fatos gerais que tenho percebido na escola onde estagio: Primeiramente a instituição é bastante conteudista por ser parte da rede particular, a educação de qualidade é entendida como densos conteúdos e a prática de exercícios conciliada com algumas atividades práticas como trabalhos em grupo e experimentação. O trabalho do professor dessa forma é bem denso, tendo que conciliar em seu planejamento as atividades determinadas pela escola e as de seu interesse. Conversando com os professores pude perceber que eles priorizam o ensino da apostila e caso haja tempo ( o que é muito raro) ouvem a opinião e interesses das crianças. As crianças por sua vez, gostam muito de expor suas opiniões e relacionar com outros conteúdos o que está sendo visto, mas quando percebem que não serão ouvidas, algumas perdem o interesse na aula, e por vezes ficam até indisciplinadas. É claro que justificar esse ciclo de forma hierárquica é reduzir a situação a uma equação muito simplista, dizendo que a instituição pressiona os professores e que estes reagem sendo autoritários ao extremos com as criança.
Deve-se refletir que mesmo que a professora seja pressionada a lidar com muitos conteúdos em pouco tempo , e que dessa forma não tem condições para ouvir o interesse das crianças, deve-se pensar o que a leva a implicar com a postura de um garoto que escreve com as costas apoiadas na parede, de outro que tem medo de falar a resposta do exercício porque se acha burro, e até mesmo a postura de alunos muito inteligentes que se desmotivam ao não pode dizer o que pensam ganhando em troca um '' seja educado e espere eu falar, se eu deixar, após isso você fala'', pois essas são suas escolhas individuais de trabalho. Antes de se efetuarem críticas a qualquer parte envolvida ( instituição, professor, alunos) é necessário entender o que está em jogo nessas relações e o que inibe a autonomia\ o que está por trás da autoridade.
Recomendo a leitura do texto que me referi pois ele não ''culpaliza'' apenas um dos pólos, mas dimensiona as relações como um cenário dinâmico e interrelacionado, sendo possível e necessário relacionar na prática a autoridade do professor com a autonomia dos alunos. A ideia de autoridade é entendida como reguladora das relações entre os sujeitos, e que constantemente se concretiza por meio das regras, regras que abarcam os fundamentos da ação ( o que fazer? ), quanto as pautas de convívio entre pares ( como fazer?). Na página 136 há uma definição de autoridade útil para reflexão '' a autoridade é fenômeno de cunho institucional, estritamente vinculado a ideia de delegação e crédito ao outro (..) isso significa que os agentes de determinada prática devem ser avaliados e referendados pelo seu outro complementar''.
No caso dos professores, o trabalho é avaliado pelos estudantes e por suas família, e essa autoridade em sala foi dada não porque o professor sabe tudo e deve transmitir esse conhecimento ás crianças que devem ficar quietas e fazerem sua parte, mas deve haver um processo de construção mútua. Quando o professor ouve seus alunos isso não significa que ele perdeu o controle da aula, e portanto sua autoridade, mas que faz parte de sua respondabilidade mediar a construção do processo de conhecimento, e as relações entre os pares, pois essa autoridade foi lhe atribuída com essa finalidade, e não para cobrar posturas militares em sala de aula, silêncio e obediência.
Para que haja uma relação harmoniosa entre os alunos e o professor, o último deve abandonar a posição de '' superior'' na hierarquia escolar, e deve em vez de evitar os ''erros'' dos alunos permitir que eles aconteçam, e perceber uma oportunidade de intervenção entre eles. Não cabe dessa forma ao professor determinar a legitimidade do interesse dos alunos, e nem ao professor cabe definir a comunicação possível com o aluno. Em suma, com relação a autoridade do professor faço uso do seguinte trecho '' Um professor para ser reconhecido como autoridade que merece confiança, precisa ainda, de mestria no exercício de sua função. Isso significa que a autoridade do professor constitui-se a partir da aliança entre conhecimento e experiência na condução da classe: para encaminhar os alunos para a apropriação de um determinado fenômeno do real, é preciso que o professor domine o conteúdo e o processo de conhecer'' ( p. 140). Dessa forma, é possível assegurar que a autoridade docente não se sustenta exclusivamente na erudição, mas no trabalho árduo e compromissado daquele que se dispoe a ensinar outrem.
É enssencial para que se mantenha em sala de aula a autoridade e a autonomia caminhando juntas, o entendimento de que o educando traz algumas coisas no processo de ensino: gostos, aptidões, saberes anteriores, saberes paralelos, etc. O contato que liga o professor e o aluno comporta uma reciprocidade, que é princípio e a base de uma colaboração. O trabalho é dificultado quando os princípios tidos pelo professor de autoridade ( e sua obrigação) choca com o princípio de autonomia ( interesses, formas de aprender) dos alunos, e nesse ponto encontra-se o principal obstáculo: a incongruência das demandas de cada parte, essa relação constitui-se de enfrentamentos cotidianos. È preciso então que haja clareza entres os envolvidos da relação quantos aos propósitos desta, e discussões cotidianas sobre o andamento do trabalho, é recomendável a explicitação das razões pelas quais se considera importante cumprir determinadas atividades, como também das formas através das quais espera-se cumpri-las, estipulando em conjunto as regras e prioridades que deverão ser seguidas pelos envolvidos do processo de conhecer – diretores, professores, e alunos, é desejável a discussão sobre as atividades propostas, as opções de trabalho e justificativas das mesmas, além da discussão para além dos conteúdos, mas que englobe o convívio em sala de aula, como respeito mútuo, responsabilidade, e cooperação.
BIBLIOGRAFIA:

Júlio Groppa Aquino'' ( in autoridade e autonomia na escola, alternativas teóricas e práticas).

Nenhum comentário:

Postar um comentário