segunda-feira, 23 de maio de 2011

O sentido da escola

Eu fiz a leitura do livro "O Sentido da Escola", dentro deste livro selecionei o capítulo nomeado: Articular os Saberes, escrito por Edgar Morin.
No início do texto aborda-se o assunto de articulação das disciplinas. Para iniciar o assunto Edgar Morin define disciplina por " uma categoria organizadora do conhecimento científico: ela institui a divisão e a especialização do trabalho, e responde à diversidade dos domínios que recobrem a ciência.". A partir desta definição e do texto pude refletir sobre a minha atividade de estágio, todos os dias em sala de aula os temas estudados focam o português e mais raramente a matemática, no entanto mesmo sem muita consciência, por parte das crianças, elas aprendem diariamente sobre ciências, ética, política, geografia, história, matemática e português sem que seja dado às atividades produzidas pelas crianças ou ao aprendizado que ela obtêm um nome específico. Ela contam o que não precisam contar, entendem aquilo que não estava no currículo mas mesmo assim elas aprenderam, falam dos bichos, das plantas que plantaram na horta, falam sobre o modo de preparo deste alimento que colheram e levaram para casa, fazem gráfico do comportamento, olham os mapas nas paredes e questionam onde fica Campinas (ou o mais famoso "onde é que a gente fica aí?"), contam suas próprias histórias e as histórias de seus colegas, dentre muitas outras coisas que eu pude observar.
As crianças não ficam presas aos limites impostos, pelo menos não na sala de aula que eu frequento, elas escrevem com letra de mão mesmo sabendo que "ainda não podem" fazê-lo, pois só devem escrever com a letra de forma. Elas desenham mesmo que não seja necessário, leêm para os colegas com orgulho, ajudam quando acham que devem, pedem para irem à biblioteca, contam suas experiências, para elas aprender é parte do processo da escola e não apenas sua função. Elas mesmas fazem a relação de uma matéria com a outra, "inventam" coisas, perguntam aquilo que gostariam de saber, adoram o menino que ninguém pediu para adorar só por ser diferente (o aluno com síndrome de down que elas adoram por fazer "maluquices", por poder fazer o que ela não podem mas gostariam de fazer-como sair correndo pelos corredores). Mas cada uma delas sempre deixa claro aquilo que também não entendem bem.
Como ainda não foi dito à elas que elas "não podem gerar conhecimento por ainda não serem cientistas ou sei lá o quê que esta sociedade aceita como alguém que pode criar" elas aprendem com e sem a mediação do professor, percebem coisas que ninguém reparou, criam sem preocupações maiores, ensinam ao colega mesmo sem ter aprendido qual a metodologia mais correta, amam quando conseguem realizar algo.
As crianças são vivas e cheias de energia, e elas trazem aquilo que Proust dizia sobre um olhar novo. Elas são a expressão do conhecimento em movimento do qual o capítulo se refere, que faz este vai e vem sem limites categóricos e esteriotipados, um conhecimento que avança, que começa do pequeno pro maior, do maior para o menor, do mais importante para o menos importante e vice-versa, sem limites para criar este conhecimento que parte do novo olhar qua cada um dá aquilo que é lhe apresentado.

Livro: O sentido da escola-Nilda Alves (org.), Regina Leite Garcia (org), Silvio Gala, Edgar Morin e Carlos Eduardo Ferraço.

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